Sindicato de restaurantes diz que empresários foram pegos de surpresa pela proibição de funcionar nas noites de Natal e Ano Novo

 Os bares e restaurantes de João Pessoa devem enfrentar sérias dificuldades com o novo decreto do Governo do Estado, que proibiu esses estabelecimentos de funcionarem após as 15h na véspera e no dia do Natal e também do ano novo. É o que afirma o presidente do Sindicato da Empresas de Hospedagem e Alimentação de João Pessoa (Seha-JP), Graco Parente. A decisão visa evitar aglomerações e, por consequência, a disseminação da covid-19.

Ao ClickPB, Graco Parente contou que o segmento recebeu com surpresa a decisão e que os empresários não foram consultados. Sem ter ideia da proibição, Graco relatou que os donos de restaurantes reservaram mesas e venderam ceias de forma antecipada. Com o dinheiro, compraram peru, chester, fios de ovos e outros ingredientes típicos da ceia natalina, além de terem contratado garçons e funcionários extras para o dia.

Com a ceia proibida, porém, será preciso devolver o dinheiro dos clientes e não haverá como se desfazer dos ingredientes já comprados. ''São coisas que não se tem outra oportunidade de vender se não for no Natal'', comentou Graco. 

O decreto permite que os restaurantes funcionem apenas com retirada ou entrega, o que possibilitaria pelo menos que o cliente que fez a reserva receba a senha, mas isso também traz dificuldades, segundo o presidente da Seha-JP. ''São noites de muita demanda e tem poucos motoboys para atender, até porque eles também querem ficar com as famílias deles'', explicou. 

Também há a questão das embalagens. ''Se o restaurante iria lhe servir um peru em um determinado prato, qual é a embalagem que ele vai colocar esse peru pra chegar na sua casa?'', questiona.

Para Graco, o aumento nos casos de covid-19 que vem ocorrendo no estado é um reflexo das eleições. ''Um movimento político que não teve fiscalização nenhuma e agora estão colocando o peso nas costas dos empresários, um setor que já teve mais de mil demissões'' lamentou.

Graco Parente ressaltou ainda que a medida não deve trazer nenhum benefício. ''Não entendemos que diferença faz fechar às 15h ou às 23h''. Ele lembrou ainda que o decreto não prevê exceções para restaurante de hotéis e pousadas. ''E o turista que veio com a família vai ceiar onde?'', indagou.

Procurada pelo ClickPB, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes na Paraíba (Abrasel-PB) enviou uma nota em que também lamenta a decisão e afirma que possivelmente as pessoas vão apelar para comemorações mais desorganizadas sem a opção dos restaurantes.

Confira a nota na íntegra:

NOTA PARA IMPRENSA

Estamos próximos do Natal e virada de um ano de muito sofrimento. Perda de tantas pessoas queridas, de empregos, destruição de lares e de sonhos. 

Poucos são os que ainda podem se reunir com seus mais próximos e externar seu carinho e gratidão pelo que lhes resta ou por suas conquistas, apesar de toda dor e angústia.

No entanto,  por meio do decreto n° 40. 930 de 21 de dezembro de 20240 o governador da Paraíba agiu indiferente a todo anseio da sociedade.  

Decidiu tirar das pessoas essa possibilidade, baseado na mera suposição de que o horário normal de funcionamento que vem sendo aplicado  aumentará  o número de casos e decretou fechamento injustificado de atividades lícitas.

Em decorrência disto, a população e os turistas estão a mercê de ficarem sem os serviços essenciais de alimentação, que seriam suprimidos, como a redução de horário de almoço e eliminação de horário de jantar.

As pessoas vão sim se reunir, governador. A questão é se o farão  organizadamente, seguras em ambientes profissionais,  em suas casas, ou, em persistindo essa arbitrariedade,  nas ruas, lutando por sua liberdade.

A ABRASEL está pronta e vai agir firmemente, por todos os meios ao seu alcance,  em defesa das garantias constitucionais da sociedade.

Arthur Lira, presidente Abrasel / PB

 

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