Atriz Letícia Rodrigues é condenada a 6 anos de prisão por injúria racial contra colegas de teatro em João Pessoa

 A justiça condenou por injúria racial a atriz e diretora de teatro paraibana, Letícia Rodrigues. A decisão é da 2ª Vara Criminal da capital. Segundo a justiça, Letícia cometeu injúria racial contra três colegas de trabalho em diferentes ocasiões. Esses casos aconteceram enquanto Letícia era diretora do teatro Ednaldo do Egypto, em João Pessoa.

A sentença reproduz relatos de vítimas. A atriz teria dito em uma ocasião que “preto nasceu para ser minha mucama”. E ainda, “sou rica porque sou branca, quem mandou nascer preto”.

Nos depoimentos constam que Letícia fez comentários usando os termos “cabelo de bucha e carvão” para se referir ao cabelo e cor de pele de pessoas negras.

O juiz concluiu que as ofensas não se tratavam apenas de brincadeira, mas que a atriz de fato quis, de fato, ofender e humilhar as vítimas com base na cor da pele. A sentença foi de 6 anos de prisão, dois anos para cada denúncia, podem ser revertidas em serviço à comunidade, além de multa.

A atriz vai recorrer contra a decisão.

Clickpb disponibiliza o e-mail redacao@clickpb.com.br caso a atriz Letícia Rodríguez deseje se pronunciar sobre o caso.

A atriz Letícia Rodríguez

O interesse de Letícia Rodrigues no teatro foi despertado aos 9 anos, quando foi fazer um curso no Centro Livre Meninada. De lá pra cá, nunca mais parou, e já realizou mais de 30 espetáculos, se aventurando no teatro infantil e adulto. Porém, a popularidade no meio artístico veio quando junto ao seu irmão gêmeo Romilson interpretou as drags gêmeas Diet Light.

Seu primeiro trabalho profissional foi a peça  ‘O Tesouro do Coelho Pirata’, em 2000, dirigida por Isa Yplá. Em 01 de agosto de 2002, participou da fundação do Cara Dupla Coletivo de Teatro, coletivo no qual é membro até hoje.

Dentro do meio infantil, Letícia participou de várias peças, como ‘Scooby Doo: Mistério no Museu São Francisco’, de 2010, e ‘Scooby Doo e o Monstro do Farol do Cabo Branco’, de 2012. Interpretou em ambas o personagem Salsicha Rogers. Além disso, trabalhou em uma adaptação teatral da obra ‘O mágico de Oz’, e nas apresentações   ‘Meu boneco de lata’, ‘Espantaram o espantalho’, entre outras.

No teatro adulto, a atriz também tem espetáculos em circulação.‘Eternamente Bibi’, peça onde interpreta e homenageia a artista carioca Bibi Ferreira, já acumula 19 prêmios nacionais.

Entre as conquistas da obra estão os prêmios recebidos na 15° edição do Festival Nacional de Teatro de São João Nepomuceno (Nepopó), em 21 de junho de 2023. A peça foi submetida à categoria alternativo, onde foi indicada a cinco prêmios e venceu dois: Figurino e o de Atriz, premiado à Letícia.

Outro trabalho de destaque da atriz é a peça ‘Gisberta – basta um nome para lembrarmos de um ódio’, que conta a história de Gisberta Salce Júnior, mulher trans brasileira que foi brutalmente assassinada em um crime de transfobia na cidade de Porto, em Portugal.

Gisberta se tornou um grande símbolo na luta LGBTQIAP+ de Portugal e uma fonte de inspiração para diversas manifestações culturais.

A iniciativa do espetáculo veio da própria Letícia, que ao conhecer a história de Gis buscou trazê-la  aos palcos. A peça é dirigida por Misael Batista e contém a própria Letícia no papel de Gisberta.

Para se aparentar mais à Gis, a atriz emagreceu, pintou o cabelo e tentou até adquirir o cheiro de perfume da mesma. Letícia, também uma mulher trans, busca através do espetáculo transmitir uma mensagem de reflexão, respeito e combate ao preconceito.

Além de atriz e dramaturga, Letícia também é gestora do Teatro Ednaldo do Egypto desde 2021.

Fonte: ClickPB

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