Desgastado por denúncias, Buega enfrenta dificuldades na tentativa de nova recondução para presidência Fiep

 O ano de 1996 inaugurou um cenário duradouro na Federação das Indústrias da Paraíba (Fiep): o de que as eleições para presidente da entidade seriam antecipadas e que o atual presidente, Buega Gadelha, seria reeleito com relativa facilidade. Dono de uma mente privilegiada, o dirigente sempre construiu com antecedência a recondução. Um ambiente que dificilmente será conseguido neste ano, resultado dos desgastes trazidos pela longevidade no cargo, potencializado por escândalos recentes como o que resultou, em 2019, na detenção de Gadelha, com a deflagração da operação Fantoche, pela Polícia Federal.

As consequências disso foram vistas na última quinta-feira (19), durante jantar promovido pela Fiep com a intenção de reunir políticos e empresários, em Campina Grande. O primeiro grupo até que apareceu com a avidez de sempre, mas o segundo, motivo da existência da Federação comandada por Buega Gadelha, se fez presente em número constrangedoramente menor, segundo relatos dos presentes. Isso acontece no momento em que o atual presidente tenta antecipar a eleição da nova diretoria para este ano. O detalhe: ela só deveria acontecer em 2023.

Em meio ao projeto de reeleição, Gadelha tem visto aliados deixarem a entidade. Nos últimos meses, quatro membros do Conselho Fiscal da Federação das Indústrias renunciaram aos cargos. Uma coisa que era rara no passado, virou lugar comum nos últimos tempos: a existência de empresários manifestando a insatisfação com a recondução do atual presidente. Vários deles têm feito desabafos públicos, através das redes sociais. A maioria, porém, tem agido de forma anônima para evitar a recondução do atual gestor. O argumento comum vem com ar de desabafo: “já deu, né!”.

A gestão de Francisco de Assis Benevides Gadelha podia não ser uma unanimidade ao longo da história dele à frente do cargo, mas os confrontos não eram comuns. Os desgastes gerados pelas operações Fantoche, de 2019, e Cifrão, de um ano depois, ajudaram a corroer a boa imagem construída por Buega ao longo dos anos. Elas foram desencadeadas pela Polícia Federal, com a participação de outros órgãos fiscalizadores, como a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público da Paraíba.

Nos dois casos, as investigações relacionaram suspeitas de supostas fraudes em licitações a dirigentes do Sistema Indústria da Paraíba. As apurações agora estão sob o guarda-chuva do Gaeco, por causa de decisões em instâncias superiores que tiraram as investigações da esfera federal. Nos dois casos, não há ainda julgamento de mérito, o que confere a presunção de inocência aos suspeitos. E, diga-se de passagem, não é difícil encontrar defensores de Buega Gadelha. Mas o problema prático, apesar disso, é o desgaste para a imagem da entidade, gerado ao longo dos últimos anos e que motivou o surgimento dos haters. O dirigente nega todas as acusações.

No encontro da última quinta-feira, com o título “Diálogo Empresarial”, as pessoas presentes demonstraram incômodo com a baixa participação dos empresários. De acordo com informações obtidas pelo blog, dos 26 presidentes de sindicatos com direito a voto na eleição interna da Fiep, apenas 8 participaram. O incômodo foi escancarado pelo empresário e pré-candidato a deputado federal, Romeu Lemos, em postagem nas redes sociais. O clima, pelo que se vê, é de dificuldade para a atual diretoria. Mas para saber o desfecho disso tudo, vamos ter que esperar as cenas dos próximos capítulos.

Blog do Suetoni

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