Padre do Ceará entrará em programa de proteção após ser hostilizado por bolsonaristas

Lino Allegri, um padre de 82 anos do Ceará, deve ingressar no Programa Estadual de Proteção aos Defensores e Defensoras de Direitos Humanos (PPDDH) após ter sido hostilizado por um apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O pároco foi agredido verbalmente duas vezes neste mês de julho durante missas em Fortaleza. 

 Segundo informações do Diário do Nordeste, o pedido de inserção do padre no PPDDH partiu de membros do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos (CEDDH), da Defensoria Pública do Ceará (DPCE) e do Ministério Público do Estado (MPCE). O PPDDH protege pessoas que se encontram em situação de risco, vulnerabilidade ou ameaça decorrentes de sua atividade profissional. Em 11 de julho, Allegri foi ofendido por um homem enquanto realizava ato litúrgico na celebração do domingo, que invadiu a Paróquia Nossa Senhora da Paz e começou a gritar com o pároco. 

Nas imagens da missa, que era transmitida pela internet, é possível ouvir o cidadão dizer “este padre [Lino Allegri] transformou o altar em um palanque político”. Uma semana antes, em 4 de julho, um grupo de pelo menos oito pessoas insultou o padre, que lamentava as mais de 500 mil vidas brasileiras perdidas em decorrência da pandemia de Covid-19. O pároco relatou que as ameaças são constantes e, além dele, também são direcionadas a outros membros da igreja. 

Os religiosos recebem mensagens intimidadoras através das redes sociais da paróquia e também pelo WhatsApp. “Espero que isso possa ajudar nessa proteção diante das ameaças que nós [da Paróquia Nossa Senhora da Paz] estamos recebendo. Elas são concretas”, disse o padre, em entrevista ao jornal cearense. A defensora-geral da DPCE, Elizabeth Chagas, informou acompanhar o caso. Segundo ela, o secretário da Segurança, Sandro Caron, já foi comunicado sobre a situação e disse ter tomado todas as providências para garantir a segurança do padre Lino.

 “Continuamos fazendo esse diálogo para que não haja nenhuma morte e nenhuma ofensa aos direitos humanos e à liberdade religiosa”, afirmou. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que, desde o momento em que foram registradas as ameaças contra o padre, a pasta determinou apuração imediata pela Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE), por meio do 2o Distrito Policial (DP). “Já a Polícia Militar do Ceará (PMCE) reforçou, desde o último domingo (11), o policiamento na região onde está situada a paróquia, especialmente nos horários de missa”, afirmou.
  
  Diário do Nordeste

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