Em audiência, 'Gatinha da Cracolândia' nega ter indicado à polícia local onde as drogas foram encontradas

 

A influenciadora digital e estudante Lorraine Cutier Bauer Romeiro, de 19 anos, conhecida como “Gatinha da Cracolândia”, que está presa acusada por tráfico de drogas, negou à Justiça ter indicado à polícia o local onde as drogas foram encontradas. E disse que os entorpecentes apreendidos não eram dela. As informações foram divulgadas pela advogada de Lorraine.

A estudante foi ouvida pela primeira vez na tarde desta sexta (19). O Ministério Público irá analisar mais provas e, posteriormente, a Justiça decidirá se ela será absolvida ou condenada.

A audiência e o julgamento começaram às 13h. Por causa da pandemia de coronavírus, o depoimento ocorreu feito por videoconferência. Lorraine é ré em três processos: dois por tráfico de drogas e um por organização criminosa.

Ela e o namorado, André Luís Santos Almeida, conhecido como “China”, foram presos em 22 de julho após serem identificados pela Polícia Civil como traficantes durante a Operação Caronte. A ação iniciada em fevereiro busca combater o tráfico na Cracolândia, onde além da venda há também consumo de drogas por usuários.

A estudante e o namorado foram detidos pela polícia na casa onde moravam com a filha dela de nove meses em Barueri, na região metropolitana. Os dois foram acusados de guardar crack, maconha, ecstasy e lança-perfume no imóvel.

Atualmente ela cumpre prisão preventiva na Penitenciária Feminina de Franco da Rocha, na região metropolitana. André também está preso pela mesma acusação.

O julgamento desta sexta se refere a essa prisão de julho. A sessão virtual foi conduzida pela juíza Erika Fernandes, da 13ª Vara Criminal, direto do Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste da capital. Lorraine e André não compareceram presencialmente. Eles acompanharam a audiência por monitores de TV do local em que estão presos.

Como influencer, Lorraine se apresentava como Lo Bauer nas redes sociais e tinha mais de 50 mil seguidores no Instagram antes de ser detida. De acordo com a denúncia do MP, a vida de luxo que ela mostrava nas fotos e nos vídeos era sustentada pelo tráfico.

Os outros dois processos que Lorraine responde ainda não tiveram suas audiências marcadas, segundo a advogada de Lorraine.

A influencer também é ré num outro processo por tráfico de drogas, pelo qual havia sido presa em flagrante em 30 de junho na Praça Princesa Isabel, na região da Cracolândia. Naquela ocasião, policiais militares a acusaram de esconder drogas nas roupas íntimas.

Ela teve a prisão em flagrante convertida para domiciliar naquela ocasião, pelo fato de ter uma filha de nove meses. O pedido de conversão da prisão em flagrante para a domiciliar foi baseado em um entendimento de 2018 do Supremo Tribunal Federal (STF), de conceder o benefício a presas sem condenação gestantes ou que forem mães de filhos com até 12 anos.

“Nesse processo, o flagrante de tráfico também foi forjado. Ela não estava com drogas”, disse a advogada.

Lorraine Cutier Bauer Romeiro, conhecida como "Gatinha da Cracolândia". — Foto: Reprodução/Instagram

Lorraine Cutier Bauer Romeiro, conhecida como “Gatinha da Cracolândia”. — Foto: Reprodução/Instagram

Lorraine também é ré num terceiro processo, com mais 22 acusados, este por organização criminosa. Durante a Operação Caronte, a Polícia Civil filmou e fotografou suspeitos de traficarem drogas em tendas na Cracolândia. A influencer e o namorado foram vistos no local, segundo a investigação, vendendo drogas.

Questionada, a defesa de Lorraine informou ao g1 que sua cliente irá se pronunciar sobre essa acusação na Justiça.

“Ocorre que diante da falta de provas sobre a verdade dos fatos, minha cliente será obrigada a confessar algo que não fez”, falou Patrícia sem dar detalhes.

Imagens exclusivas obtidas pelo Fantástico, da TV Globo, mostraram Lorraine e André vendendo drogas na região, segundo o Ministério Público. Caso seja condenada nos três processos, ela poderá receber penas, que somadas, chegariam a até 19 anos de prisão.

De acordo com a Operação Caronte da Polícia Civil, Lorraine e André armazenavam drogas em um hotel na Rua Helvétia, na Cracolândia. E ajudavam a abastecer outros hotéis com os entorpecentes. Em uma mochila, havia 85 porções de maconha, 295 de cocaína e oito de crack. Também foram localizados 97 frascos de lança-perfume e 16 comprimidos de ecstasy e R$ 750 em dinheiro.

A Justiça já negou dois pedidos da defesa anterior de Lorraine: um de prisão domiciliar outro de liberdade.

g1 não conseguiu localizar a defesa de André para comentar o assunto até a última atualização desta reportagem.

G1

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