Maia e Baleia Rossi saem em defesa de Dilma depois de fala de Bolsonaro

  O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o candidato que ele apoia na eleição para a presidência  em fevereiro de 2021, Baleia Rossi (MDB-SP), prestaram apoio nesta 3ª feira (29.dez.2020) à ex-presidente Dilma Rousseff. Foi uma resposta ao presidente Jair Bolsonaro, que colocou em dúvida os relatos de Dilma sobre a tortura que sofreu no período da ditadura militar no Brasil (1964-1985). Ele foi presa em 1970.

Baleia Rossi (MDB-SP) discursa no anúncio de sua candidatura ao lado de Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que era cotado para concorrer pelo bloco, em frente à residência oficial da presidência da Câmara© Caio Spechoto/Poder360 Baleia Rossi (MDB-SP) discursa no anúncio de sua candidatura ao lado de Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que era cotado para concorrer pelo bloco, em frente à residência oficial da presidência da Câmara

Rossi disse que o debate transcende ideologias como direta e esquerda e afirmou: “Tortura nunca mais”. Maia criticou Bolsonaro, dizendo que ele não tem “dimensão humana“.

Bolsonaro questionou a veracidade da tortura à qual a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) foi submetida durante a ditadura.

Em conversa com apoiadores na 2ª feira (28.dez), Bolsonaro disse que aguardava um raio-X da ex-presidente para provar que ela teve a mandíbula fraturada.

“Dizem que a Dilma foi torturada e fraturaram a mandíbula dela. Traz o raio-X para a gente ver o calo ósseo. Olha que eu não sou médico, mas até hoje estou aguardando o raio-X”, afirmou.

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Os deputados se juntam a outros políticos que prestaram solidariedade à petista. Nas redes sociais, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Lula (PT) manifestaram apoio a Dilma.

FHC expressou solidariedade à ex-presidente e afirmou que “brincar com a tortura dela –ou de qualquer outra pessoa– é inaceitável”. Disse ainda que a atitude de Jair Bolsonaro “passa dos limites”.

Em nota, Dilma Rousseff afirma que Bolsonaro tem uma “índole de torturador” e que seu comportamento revela falta de empatia por seres humanos.

“A cada manifestação pública como esta, Bolsonaro se revela exatamente como é: um indivíduo que não sente qualquer empatia por seres humanos, a não ser aqueles que utiliza para seus propósitos. Bolsonaro não respeita a vida, é defensor da tortura e dos torturadores, é insensível diante da morte e da doença, como tem demonstrado em face dos quase 200 mil mortos causados pela covid-19 que, aliás, se recusa a combater. A visão de mundo fascista está evidente na celebração da violência, na defesa da ditadura militar e da destruição dos que a ela se opuseram”, escreveu.

CONTEXTO

Há duas semanas, Maia anunciou ao lado dos partidos de esquerda a adesão dessas siglas ao seu bloco na disputa pela presidência da Câmara. O grupo lançou um manifesto, em favor da união do bloco. Leia a íntegra.

Esse bloco vai se contrapor a Arthur Lira (PP-AL), o 1º a lançar candidatura. Líder do Centrão, ele se aproximou do presidente Jair Bolsonaro ao longo de 2020. É o postulante preferido do governo.

Estão em torno da candidatura de Lira partidos que somam 204 deputados. O número de integrantes de um bloco não significa que todos ficarão com o candidato apoiado. A eleição tem voto secreto, partidos não têm como punir seus filiados se apoiarem outro candidato.

A eleição será em 1º de fevereiro de 2021. Quem vencer terá mandato de 2 anos. Se todos os 513 deputados comparecerem são necessários 257 votos para ganhar a disputa.

O Planalto se empenha em influenciar a escolha do presidente da Câmara porque quem preside a Casa tem o poder de pautar projetos. Se o governo quiser afrouxar a legislação sobre armas, por exemplo, a proposta só sairá do papel se os presidentes de Câmara e Senado decidirem que serão votadas.

Depois de reunião com Baleia Rossi nesta 2ª feira (28.dez), líderes dos partidos de oposição PT, PSB, PDT e PC do B pediram que Baleia Rossi comprometa-se com a independência do Legislativo caso se torne presidente da Câmara.

BBC

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