Participação de Anitta em Amor de Mãe ressalta armadilhas do universo das celebridades

Numa cena de 'Amor de Mãe', a sensual Sabrina (Anitta) se derrete por Ryan (Thiago Martins), cantor catapultado ao sucesso após uma serenata viralizar na internet. Ela insiste para o namorado atender a um grupo de fãs eufóricas. Mas as garotas que abordavam o filho de Lurdes (Regina Casé) o abandonam assim que avistam Luan Santana. "Essa galera é muito doida. Querem só saber de quem é mais famoso", constata Ryan, decepcionado com a infidelidade das admiradoras.

Em sequência posterior, Sabrina é quem o surpreende. Revelando-se uma alpinista social, ela avisa que aceitou o convite de Luan Santana para jantar — e sai da suíte do hotel levando suas malas. A paixão por Ryan acabou assim que surgiu um artista com mais status. "Gato, você é muito low profile, né", explica. "Não gosta de aparecer, não faz presença em festa. Eu gosto de foco, seguidores, capa de revista."

Sabrina representa um tipo comum nos bastidores do show business: o caçador de fama. Essas pessoas ambiciosas se agarram a qualquer oportunidade de sair do anonimato. Buscam a superexposição na mídia. Quanto mais flashes, melhor. E não titubeiam em passar por cima de quem for para atingir seu objetivo. O alvo preferencial são jovens artistas em ascensão deslumbrados com a fama recente, assim como Ryan. Ingênuos, viram uma presa fácil na mira de quem é craque em manipulação.

A escolha de Anitta foi acertada. A funkeira correu atrás da fama e chegou lá. Gosta tanto de se expor que os detalhes da vida privada (como as incontáveis conquistas amorosas e os ininterruptos procedimentos estéticos) às vezes ofuscam os feitos de sua carreira. Há quase 150 anos, o dramaturgo irlandês Oscar Wilde refletiu a respeito dessa obsessão por autopromoção. "Só há uma coisa no mundo pior do que despertar rumores. É não despertar rumor algum."

A ascensão das redes sociais multiplicou o número de pessoas obcecadas em se tornar uma celebridade. Antigamente, os meninos sonharam ser jogadores de futebol, bombeiros, astronautas.

As meninas se viam como professoras, bailarinas, enfermeiras. Hoje o que se quer é apenas ser famoso. A popularidade por si só. Qualquer  talento parece valer menos do que um número recorde de curtidas em uma foto chamativa. Sob os holofotes e na tela dos smartphones, o mundo realmente mudou. Talvez para pior.

Diário da Paraíba com Terra

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